quinta-feira, julho 03, 2008

Índice Dow Jones entra no ''mercado do urso''

O Índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova York, caiu 20,82% entre seu pico, registrado no dia 9 de outubro do ano passado, e ontem. Com isso, mergulhou no chamado "mercado do urso".
No mundo das finanças dos Estados Unidos, essa situação ocorre quando um determinado índice de bolsa apresenta queda superior a 20% em relação à sua pontuação máxima. Em bom português, significa que a tendência para esse mercado é pessimista. Quando é otimista, define-se como o "mercado do touro" - urso ataca de cima para baixo, movimento contrário ao do touro, que chifra de baixo para cima.
A queda de ontem do Dow Jones foi puxada pelas ações da General Motors, maior montadora americana, que despencaram 15,06%. Trata-se do menor nível em 54 anos. O declínio foi provocado por um relatório do banco Merrill Lynch, segundo o qual a quebra da empresa "não é impossível".
De acordo com os analistas, a GM poderá precisar de um aporte de capital muito maior que o mercado está antecipando - US$ 15 bilhões -, por conta das previsões muito mais fracas de vendas de automóveis nos Estados Unidos. A ação da montadora, segundo o relatório, poderá cair para menos de US$ 7 (ontem fechou pouco abaixo de US$ 10). "Uma quebra não é impossível, se o mercado continuar a se deteriorar e um incremento significante de capital não for feito."
O novo recorde do petróleo, cotado a US$ 143,57, também preocupa os investidores. "O petróleo é uma faca que continua machucando nossas costas", definiu o estrategista Marc Pado, da Cantor Fitzgerald & Co. Segundo ele, a tensão pode ficar ainda maior hoje, com a divulgação do relatório do mercado de trabalho americano em junho.
"O mercado está de joelhos e precisa de um estímulo, que pode vir dos números de emprego", afirmou Pado. A expectativa dos especialistas é de que o país tenha perdido 55 mil vagas no mês. A projeção para a taxa de desemprego é de 5,4%.
O economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, avalia que a tendência para os mercados - no Brasil e no mundo - é de volatilidade. "O petróleo e as commodities em alta e as dúvidas sobre a economia dos Estados Unidos criam um ambiente que mina a confiança", explicou. "Não se sabe como ficará a economia global nem como será o ciclo de alta de taxa de juros. Olhando para a frente, há muita insegurança."
HISTÓRICO
Desde 1900, na média, o Índice Dow Jones caiu 30% em relação ao pico nos períodos de "mercado do urso". Também na média, esses momentos duraram um ano. O pior de todos eles foi o da Grande Depressão. A tendência pessimista começou em 17 de abril de 1930 e terminou em 8 de julho de 1932. Nesse intervalo, o indicador derreteu 86%.
"Quando se olha os ?mercados de urso? da década de 60 para cá, nota-se que, em média, a queda foi de 31% e a duração, de 14 meses", disse William Sullivan, economista-chefe do JVB Financial Group.
(Fonte: O Estado de São Paulo, Leandro Modé)