quinta-feira, julho 03, 2008

Investidor se retrai e Bolsa cai 3,61%

Influenciado diretamente pelas vendas de investidores estrangeiros, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu ontem 3,61%, terceira maior desvalorização do ano em termos porcentuais. O indicador encerrou o dia em 61.106 pontos, menor nível desde 31 de março.
A queda de 1,47% ontem jogou o Índice Dow Jones no chamado "mercado do urso". No jargão das finanças, significa tendência pessimista. A bolsa eletrônica Nasdaq recuou 2,32%. O Índice S&P 500, que reúne as principais indústrias dos Estados Unidos, caiu 1,82%, para a menor pontuação desde julho de 2006.
Uma série de fatores levou às perdas. A começar pelo petróleo, cujo barril bateu novo recorde na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), cotado a US$ 143,57. A disparada da commodity está entre as principais causas para a alta da inflação global.
Preços elevados são combatidos, principalmente, com aumento das taxas de juros, o que desacelera a atividade econômica. No caso dos EUA, é uma situação especialmente ruim, uma vez que o país já enfrenta uma desaceleração em decorrência da crise no mercado de hipotecas de alto risco (conhecido como subprime).
Um relatório do banco de investimentos Merrill Lynch sobre a General Motors, maior montadora americana, também abalou os investidores. No texto, os analistas não descartam a hipótese de quebra da empresa.
Segundo George Sanders, estrategista de renda variável da Infinity Asset Management, a notícia teve impacto en toda a cadeia do setor, derrubando ações de siderúrgicas e mineradoras. "O banho de sangue atingiu ações de empresas como Usiminas, Vale e CSN", exemplificou.
Os papéis ordinários da Usiminas despencaram 6,68%, os da CSN, 7,80%, e os PNA da Vale, 5,73%. As ações da Petrobrás também caíram fortemente ontem (4,21% no caso das preferenciais) em conseqüência de um relatório pessimista do banco JP Morgan sobre a exploração das novas descobertas de óleo no Brasil.
Em um ambiente já sensível por causa das preocupações com o futuro da economia americana e com a inflação mundial, informações como essas levam muitos investidores internacionais a se desfazer de ações em países emergentes.
"O fluxo de dinheiro estrangeiro para a Bovespa estava negativo em quase R$ 8 bilhões até o dia 27", observou o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. Ontem, o Banco Central informou que o fluxo cambial - que resulta da entrada e saída de dólares - no País foi negativo em US$ 877 milhões em junho, sobretudo por causa de vendas de ações por estrangeiros.
A tendência para os próximos dias, de acordo com especialistas, ainda é de muito nervosismo. "Quem já está em ações deve ficar e quem cogita entrar no mercado deve se expor aos poucos", afirmou Campos Neto.
(Fonte: O Estado de São Paulo, Leandro Modé)